A partir de amanhã, a Estreita Galeria de Fotografia (Rua Conselheiro Araújo, 315) terá suas paredes cobertas pelo trabalho dos artistas visuais Bruno Machado, Rimon Guimarães e Nicole Lima, na exposição intitulada 3.
De acordo com a idealizadora do projeto e coordenadora do Paralelo Centro de Artes Visuais, Nicole Lima, Rimon e Bruno têm um corpo de trabalho sólido com características marcantes dentro das suas obras individuais. Ainda que ambos já tenham trabalhado lado a lado em outros projetos coletivos, há algum tempo pensam em desenvolver um projeto em conjunto em que os traços se fundam.
Nicole, por sua vez, terá a função de documentar fotograficamente todo o processo. Tão logo as paredes estejam acabadas, algumas dessas imagens serão impressas em superfície adesiva transparente e sobrepostas à pintura exatamente no ponto onde foram fotografadas. A idéia é explorar o caráter que a própria fotografia tem de capturar instantes, e literalmente fixar a presença sobre o espaço, explica a fotógrafa.
A galeria Estreita ganhou este nome por ser um único corredor de um metro de largura que dá acesso ao núcleo de Estudos da Fotografia e ao Paralelo. Pretendemos nos valer desse limite físico para submergir os visitantes à medida que transitam pela obra, tornando-os parte dela.
A partir da abertura da exposição, as imagens captadas daqueles que atravessarem a galeria também serão fixadas a cada dia sobre as paredes, formando um mosaico de presenças e ausências. O desmontar da obra também será documentado, à medida que as paredes voltarem gradualmente a serem brancas.
O que há alguns dias era parede branca, agora, e até o dia 30 de abril, é fusão de pintura e fotografia, influências e vivências, sonhos e realidade. Na Estreita Galeria, as fotografias de Nicole Lima se imbricam às pinturas de Bruno Machado e Rimon Guimarães. Tudo foi e vira um processo, uma exposição de arte e de vida. Efêmera, mas vida.
Depois do dia 30 de abril, como pontua Nicole, quem viu, viu e quem não viu, não verá mais. A idéia, segundo a artista, é exatamente essa: a vida é muito efêmera. Temos um apego em acreditar que as coisas são para sempre. Sonhamos com isso, mas acabamos por perder chances de aproveitar as coisas como estão no momento. Assim como a vida e as pessoas, a exposição também acaba. A exposição não existe mais, o que sobra são as imagens, completa.

A exposição é dinâmica e o processo foi, ou melhor, é o seguinte: a Nicole teve a idéia de retratar a efemeridade dos espaços de exposição em uma intervenção nas paredes da galeria. Ela chamou o Bruno que chamou Rimon. Eles foram pensando, os meninos pintando e ela fotografando. E todos foram tentando entender o processo, do teto ao chão. Houve dias de paredes brancas, mas no último dia 29, quando da abertura da exposição, tudo estava lá. Os registros que Nicole fez do processo também fazem parte. Eles foram sobrepostos às pinturas de Bruno e Rimon.
E não pára. Os visitantes, espectadores, também serão fotografados. E, a cada dia, essa presença vai para as paredes e vira parte da exposição. Assim, até as quatro últimas semanas. Quando cada parede será, aos poucos, pintada de branca. Uma a uma. Até o dia 30 de abril, quando todas as paredes voltarão a ser brancas, conta Nicole.
Como explicou Bruno, as informações e as idéias sobre o que pintar vieram no decorrer do processo. O que foi passado às paredes foi um misto de arte primitiva e poesia de Manoel de Barros. Quisemos falar de coisas específicas, de sonhos e da questão do sagrado. Foram as coisas que eu precisava fazer e não que sabia, comenta. Ali também foram liberadas as próprias concepções sobre a existência, como disse Bruno.
Sobre o que espera do espectador? Não espero muito, apenas que visitem e procurem ver a intervenção e fusão dos três artistas. Isso já é um bom começo, conclui Bruno.




Link para as reportagens publicadas na tribuna: https://www.tribunapr.com.br/mais-pop/tres-artistas-em-um-mesmo-espaco-na-capital/ e https://www.tribunapr.com.br/mais-pop/fusao-das-artes-e-pensamentos-exposta-em-curitiba/
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